Às vezes sinto coisas
que não sinto.
Mas quando as sinto,
sinto-as mesmo, não minto.
Sou capaz de
dizer coisas que
não sei dizer.
Mas digo-as,
vandalizo-as,
verbalizo-as
mesmo sem querer.
Se sinto e digo,
porque não escrevo?
Porque a diferença
entre o lábio e o dedo,
sinto-a a medo
ou não a sinto.
E não a sei
escrever.
(M. Santos)